Historial da Criação da Rede Cristã Contra HIV e SIDA em Moçambique
A Rede Cristã contra HIV e SIDA, abreviadamente designada por (RCHS), é
uma entidade de direito privado dotada de personalidade jurídica e autonomia
administrativa, de âmbito religioso, e de carácter e interesse social
sem fins lucrativos, com sede na Cidade de Maputo, Moçambique. Foi criada em
11 de Maio de 2002 com o objectivo de agregar as Organizações
Baseadas na Fé (OBF) no combate ao HIV/SIDA, e outras confissões religiosas.
A criação da RCHS foi resultado da participação numa
conferência inter-religiosa dos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) em Angola, liderada pela Iniciativa Ecumênica Africana do
HIV e SIDA (EHAIA), na qual se abordou a necessidade do engajamento das religiões
no combate à pandemia do HIV e SIDA.
Após o evento, um grupo formado por representantes de várias
organizações, incluindo o Conselho Cristão de Moçambique,
a Associação Evangélica de Moçambique, a Auxílio Mundial,
a Igreja Católica e a UNICEF, sob a coordenação do Bispo da
Igreja Metodista Wesleiana, Rev. Piter Clarck Matebula, iniciou encontros para discutir
a criação da Rede Cristã Contra o HIV e SIDA. Essa iniciativa surgiu em
resposta à recomendação daquela reunião, que sugeria que os
países estabelecessem redes nacionais de combate ao HIV e SIDA.
Em 11 de Maio de 2003, foi estabelecida, através do Nº 123 no livro de registo
das organizações religiosas do Ministério da Justiça e Assuntos
Constitucionais, a Rede Cristã Contra HIV e SIDA em Moçambique. No ano
seguinte, com o apoio do Alto Comissariado Britânico, a RCHS elaborou seu primeiro
plano estratéico operacional.
Reconhecendo a falta de uma base sólida para as suas acções, a RCHS
solicitou apoio para um estudo de base. A Catholic International Development Charity (CAFOD)
e a Christian Aid, ambas com origens britânicas e com escritórios em Maputo,
financiaram uma consultoria para realizar um estudo nacional relativo ao conhecimento de
informaçã sobro o HIV nas confissões religiosas. Os resultados desse estudo
revelaram que mais de 90% dos líderes religiosos acreditavam que o HIV era um
castigo divino para a impureza humana, reforçando a ideia de que as pragas eram uma
forma de punição pelos pecados.
Baseando se nos resultados do estudo, o primeiro Plano Estratégico da RCHS focou na
divulgação nacional da organização e na Violência
Baseada no Género (VBG), sendo o combate ao estigma e discriminação
o principal pilar. Foi implementado um programa nacional de comunicação para
mudança de comportamento, destacando a importancia de um vídeo de
sensibilização produzido pelo Rev. Guideon Biyamuguisha.
Com o apoio do Fundo Global e do Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS),
a RCHS recebeu financiamento para um projecto de três anos (2008/10), com extensão
até 2013. O projecto incluiu a reprodução de vídeos de
sensibilização no contexto sanitário, treinamento de líderes em todos os 124 distritos do país,
e a distribuição de equipamentos de TV e reprodução de vídeos,
principalmente em Centros de Saúde de referência.
Além disso, em parceria com a EHAIA, a RCHS traduziu o vídeo do Rev. Guideon, de inglês
para português e produziu diversos materiais impressos, alcançando directamente Angola,
São Tomé e Príncipe e Guiní-Bissau. Em São Tomé,
a RCHS apoiou a criação da Rede Cristã Contra HIV e Sida local.
A RCHS participa activamente dos principais fóruns de decisão sobre o combate ao
HIV e Sida em Moçambique, sendo membro do Conselho Directivo e do Conselho Técnico do CNCS,
além de representar as Organizações da Sociedade Civil no Mecanismo de
Coordenação do País (MCP) para o Fundo Global e na Plataforma da Sociedade
Civil para a Saúde em Moçambique (PLASOC-M). Também é membro e
coordenador do Comité Directório das Confissões Religiosas.
Actualmente, a RCHS opera nas províncias de Maputo, Gaza,
Inhambane e Sofala, com pelo menos um escritório em cada uma dessas regiões.
© Rede Cristã Contra HIV/SIDA em Moçambique